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A Máscara Teatral

Pesquisa das máscaras

A partir dos questionamentos tratados anteriormente, a Máscara Teatral sedimentou-se para o Grupo como um rico instrumento de investigação técnica e artística, exigindo de nós um mergulho profundo dentro de cada estilo de máscara estudada. Entretanto, ao aproximarmos o trabalho técnico do ator às tipologias das máscaras, percebemos uma linha condutora complementar entre elas que nos possibilitava desencadear uma pesquisa cada vez mais sólida sobre a dramaturgia do ator.

A primeira máscara que pesquisamos é a Neutra.  Fonte de vida para todas as outras Máscaras, propõe um estado apoiado na calma e na percepção, aflorando os sentidos do ator e ampliando a sua presença cênica. Com ela, o ator entra em contato com o silêncio que antecede à ação, coloca todo seu corpo em estado de escuta. Sua fisionomia é simples e simétrica. A Máscara Neutra não é uma personagem. O ator, exercita agir com seu corpo dentro de um equilibrio energético, vivendo uma ação de cada vez de maneira plena, sem permitir a dicotomia entre pensamento e ação, se colocando inteiramente no presente. Por isso, costumamos dizer que com a máscara neutra o ator essencializa a ação e a situação, se desprendendo de seus clichés e da sua máscara social.

Após este processo, trabalhamos as Máscaras Geométricas. Elas podem assumir diferentes formas. São máscaras inteiras que cobrem todo o rosto, não possibilitando o uso da voz pelo ator. Estas máscaras propõe um jogo que nasce diretamente da forma, relacionando tempo e espaço, conduzindo o ator a uma dinâmica extra-cotidiana que coloca a geometria a serviço da emoção.

Já as Máscaras Larvárias assumem fisionomias que lembram formas simplificadas da figura humana. Remetem-se ao estado embrionário, como o primeiro estado dos insetos – larva. Como a máscara larvária se encontra entre o estado animal e humano, propõe que o ator trabalhe corporalmente neste limiar, sem chegar assumir completamente um caráter humano ou um estado animal. Estas máscaras também fazem parte do grupo de máscaras inteiras e silenciosas, que não permitem o uso da voz pelo ator.

A Máscara Expressiva pertence à categoria das máscaras silenciosas. Tem feição mais elaborada, traduz em sua fisionomia um estado de ânimo e a índole de uma personagem. São máscaras inteiras que cobrem todo o rosto, criadas com referência em “tipos” populares. Seu jogo sugere ao ator encontrar o corpo da personagem com referencia nas linhas e volumes fisionômicos dando uma noção de peso, idade e contexto cultural, podendo ser enriquecido com a presença da contra-máscara, direção inversa ao caráter principal da máscara.

A Meia-Máscara é aquela que cobre a parte superior do rosto e permite o uso da voz. Geralmente, elas representam “tipos-fixos”.  Ela propõe ao ator desenvolver um tom de voz a partir da sua fisicalidade, essencializando o gesto e a situação vivida pela personagem, levando o texto para além do cotidiano.

Por último trabalhamos o Acento que exacerba uma parte isolada do rosto, como o nariz e/ou testa. Com elas, podem ser experimentadas duas direções de jogo: uma, trabalha o lado genuíno do ator, expondo suas fraquezas, suas fragilidades e fazendo destas uma força teatral (é o caso do Clown – onde o ator pode utilizar o nariz vermelho considerado a menor máscara do mundo) e outra onde o ator dá vida a uma personagem revelando o seu ridículo, como é por exemplo o Dr. Balanzone da Commedia Dell’Arte. Ambas são consideradas “Acento”, apoiadas em uma natureza profunda, seja a do ator ou a da personagem.